Pois é...
Algum tempo passou, entre os aqui e acolá... Entre em como
as coisas deveriam ser e como elas são realmente. E veio um tempo estranho, de
desapegos e pessoas cada segundo mais sozinhas...
E se eu te contar que a cada segundo que passa e que você se
permite ouvir os outros, fazer outras coisas, conhecer outras pessoas, cores e
sabores, um outro mundo inteiro fica mais tedioso, abandonado, daltônico e
insosso.
Pois é.
Os filmes pessoais, as músicas prediletas de amor, romance e
ação vão tocando sempre... A mente não precisa de headphones, minha querida. E
a mente funciona tão bem que nos blinda contra toda a verdade que teima em
quebrar o encanto da sétima arte criada por nós mesmos... Todos os dias.
Eu vejo pessoas amando outras pessoas pelos contextos. Pelas
situações. Vejo pessoas amando coisas pelas funções, outras pelo valor gasto em
ter as mesmas coisas. E também vejo pessoas amando tarde demais outras pessoas.
Aquelas pessoas que eram somente coadjuvantes em nossa vida, sempre terão um
momento de ápice. O momento em que elas partem e arrancam ferozmente nacos de
nosso coração.
Algum tempo atrás, alguém pensou que seria uma boa ideia
parar de sofrer por amor. Esquadrinharam e colocaram lógica nas coisas que dão
ímpeto ao ser humano. E depois que essa boa ideia foi sendo estudada e agora pessoas
desapegam-se das outras pessoas. Apegam-se a gatos e cães. Fingindo não saber
que eles também irão partir. E que também irão arrancar ferozmente nacos de
nosso coração.
Algum tempo atrás, passaram-se os anos, até. As pessoas
vinham observando mais os olhares e os sorrisos.
Algum tempo atrás as pessoas
não tentavam julgar de forma tão veemente aquilo que sentimos, como sentimos e
principalmente, como reagimos ao que sentimos. Não existe um manual para tudo
isso. A dor é uma parceira fiel demais para ser expressa em palavras ou letras.
Imagine a angústia em tentar traduzir tudo aquilo que te lacera o peito ao meio
e te faz duvidar da condição de ser humano, te faz duvidar da capacidade de
amar, te faz sofrer de tantas e tantas formas diferentes... Mas te é honesta,
gritando ao mesmo tempo em que você ainda está vivo, para tentar experimentar
um amor que não te custe assim tão caro, mais uma vez.
Pois é...
Algum tempo passou e ainda escuto Piano Bar tocando baixinho
por onde ensaio aqueles olhares fatais, espelhados... Que sempre buscam,
sinceramente, encontrar os teus olhos.
Acabo esbarrando em plantas, concreto e pessoas estranhas. E
vou escrevendo de forma minúscula sobre as coisas que me lembram de você.
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