Cheiro de pele.
Pele bronze. Pesada em beleza.
Dura com os pobres mortais, sua suavidade imperava frente a tanto descaso estético alheio. Não que fosse impecavelmente bem vestida, mas sim porque tudo nela caia melhor. As coisas ganhavam lascívia em sua pele.
Tambores no peito.
Barulho ritmado. Coração gritando.
Sem saber o que havia acontecido, apoiava o queijo com as mãos. Tanto para disfarçar o movimento involuntário da boca se entreabrindo, quanto para sustentar o peso das caminhadas erradas pela vida. Pela enésima vez, tinha visto uma nova trilha para seguir, na silhueta feminina em frente a ele.
A leveza dos passos, daqueles que se preocupam com as formigas anônimas, encontrou todo o peso do mundo nos ombros carregados. O breve trocar de olhares, o sorriso tímido de um lado encontrou um sorriso farto de tentar esconder erros e vulnerabilidade. Era patente a validade daquele encontro.
E as coisas aconteceram do jeito que supostamente deveriam acontecer. E ele caiu perfeitamente nela. Estava usando ele.
E toda a lascívia foi dele por um momento.
Tudo e todos explodiram naquele momento.
Hoje, todo violino toca com uma corda a menos. A beleza não é mais tão real como antigamente e todo o peso do mundo se dissipou em escolhas acertadas.
As roupas não mais brilhavam como antigamente e nem a boca se abriu involuntariamente.
Como em um equilíbrio de detalhes, cada um levou uma parte daquele encontro consigo. Para nunca mais se encontrarem novamente.
Gosto de chumbo. Cinza.
Daquele sabor quase esquecido.
E a vida seguiu seu curso detestável de nunca gostar de pessoas imperfeitas em relacionamento perfeitos. De abominar o amor aleatório .
A vida ainda prefere amores controláveis.
O ciúme dela por algo mais belo é uma das coisas mais tirânicas que qualquer um de nós experimentará.
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A imagem deste post: The Perfect Place by ~Empty-Can
Artista: http://empty-can.deviantart.com/
