A alegria.
Para alguns um calhamaço de notas de papel, para outros, um sorriso de criança em um parque.
Outros percebem como gentileza, talvez conforto... a tal da
alegria. Alegria de ser bem sucedido. Alegria de ser bem amado.
Seria este adjetivo passível de ser subjulgado por circunstâncias efêmeras? Como por exemplo... alegria de ser belo? Se belo é um estado passageiro que deteriora a cada ano... a cada sorriso falso mal-dado? Alegria de ser rico? Se possuir nunca foi ser e usufruir de coisas boas deveria ser um direito de todos e não daqueles que conseguem negar todo o sofrimento do mundo em detrimento de alguns goles de champanhe a mais?
Gastam-se no planeta razões potenciais para a alegria de muitos
milhares de seres humanos.
Especulam-se a alegria de um prato cheio.
Manipulam o suor do trabalhador.
Escancaram em todas as bocas de festa o branco dos ossos de crianças esquecidas.
E o céu continua sendo para todos?
A mesa continua sendo daqueles que comem e daqueles que
aproveitam as sobras.
As pessoas continuam com fome.
As pessoas continuam com fome.
A mesa continua gerando comida e deixando heranças de fome.
Discordo quando dizem que o diabo mora nos detalhes.
Não percebo cores diferentes em lágrimas, nem coloco virtude em qualquer fome, em qualquer roupagem que ela se manifeste.
Não percebo cores diferentes em lágrimas, nem coloco virtude em qualquer fome, em qualquer roupagem que ela se manifeste.
Dor não escolhe nada.
Ela acontece.
E talvez, nas sobras da tua mesa, muita dor se acumule e muita hipocrisia encontre ninho.
As crianças no entanto, continuam a morrer.
A alegria é um prato cheio de... nada.