Então... um velho homem, de cabelos brancos morreu.
E o que isso tem a ver com a urgência do meu tempo?
E o que isso tem a ver com a urgência do meu tempo?
Bem, nada.
Tirando o fato óbvio que uma pessoa morrendo é muito mais do
que somente isso.
É o epitáfio de várias e ricas conexões humanas, vulgo amizade. É o fim de um laço vitalício, daquele que um dia foi filho, irmão, pai e avô... talvez até, bisavô.
É o epitáfio de várias e ricas conexões humanas, vulgo amizade. É o fim de um laço vitalício, daquele que um dia foi filho, irmão, pai e avô... talvez até, bisavô.
Seria um nada tão igual ao da criança que morre de fome em
qualquer deserto subsaariano ou em qualquer lugar pior que uma latrina de posto
em algum canto esquecido da Somália.
O dinheiro continua a girar e as pessoas continuam a se
admirar com cores, luzes, sons e sorrisos de vendedores de sorrisos fartos e
imundamente brancos.
Então... um jovem senhor morreu. E com ele histórias que
nunca foram contadas, segredos para uma vida inteira e juras pelo cadáver de
sua própria mãe. Um jovem senhor de seus oitenta e poucos anos.
Oitenta e poucos... Até nos ditames derradeiros nos atemos ao tempo e as chagas a que ele nos submete.
Oitenta e poucos... Até nos ditames derradeiros nos atemos ao tempo e as chagas a que ele nos submete.
Depois dos “vinte e tantos anos”, ninguém mais deveria contar idades, anos ou acontecimentos. É tudo exatamente a mesma coisa. Com mais “requintes de crueldade” com tarjas pretas ou vermelhas. Com novos jargões, com uma incômoda vontade de permanecer sentado, sorvendo aquela bebida alcoólica que nos remete cada vez mais em acreditarmos naquilo que não somos, naquilo que não conseguimos ser e escancarar a boca para vomitar um sem-número de verdades convenientes para nós mesmos.
Para nós mesmos nos sentirmos menos boquirrotos. Menos
insignificantes. Menos superlativos.
Tudo para afastar o fantasma da velhice chata, inerte e
dependente dos “Faustões” da vida. Do “MAOE” sonoro da televisão. Da esperança
cega e desvalida do futebol de domingo. Da memória em preto e branco de aos
poucos se torna a nossa vida.
Um círculo de memórias que engole uma grande parte de nosso
tempo somente se ocupando em se lembrar de que em algum momento fomos jovens um
dia.
Um dia.
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